terça-feira, 27 de novembro de 2012

Shy

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Não lembro quando a vi pela primeira vez, de fato, foram tantas "primeiras vezes" que me perdi contando. Só sei que, em todas, ela passava por mim. Passava. E era isso, só isso. Mas era suficiente pra que eu imaginasse onde ia, com quem ia, o que iria fazer, se iria fazer. Buracos sempre ficaram nessa história. Nem seu nome eu sabia, seu apelido ou a cor dos seus olhos. Nunca havia olhado fixamente para eles e sentia falta disso, sou apaixonada por olhares. E por sorrisos, mesmos os de cantos, tímidos, pequeninos. Como são belos! Seus sorrisos eram belos, e singelos, sempre acompanhados de um detalhe quase que imperceptível: ao sorrir, sempre retirava os poucos fios de sua franja que se atreviam a cair nos olhos, isso tornava, para mim, simples espectadora, cena de filme norte-americano. A moça que sorri timidamente, olha para o chão e deixa sua franja cair aos olhos, retoma o olhar ao ponto inicial e arruma o cabelo. Mas, como já disse, ela só passava por mim, tudo o que poderia absorver dela era roubado em questão de segundos. Segundos repetidos diariamente há quase um ano. E em tanto tempo, passei a criá-la dentro de mim, já era minha sem nem mesmo saber quem sou. Tornou-se personagem principal de um monólogo secretamente guardado. E os detalhes entre autor e personagem ficam à mercê da imaginação do leitor.

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