segunda-feira, 28 de novembro de 2011



E ela era assim, sorria dia sim e outro também. Brincava, conversava, abraçava. Estava presente na vida dos que estavam a seu redor. Até que um dia percebeu que tinha um buraco dentro de si, buraco esse que aumentava conforme ela tentava preencher com coisas que conhecia Procurou nas caixinhas de lembranças, embaixo de cada folha que caia na grande árvore que tinha em seu quintal, vasculhou na gaveta da mamãe, mas, ainda assim, não encontrou algo de diferente que se encaixasse ali.

Certo dia, andando por uma rua sem nada de diferente, já sem a alegria espontânea de antes, encontrou alguém que lhe deu um abraço. Mas não foi só um abraço, foi "o" abraço que preencheu aquele vazio. Daquele dia em diante, desejou ter aquele abraço a cada segundo de sua existência. E teve. Por um tempo. Tempo suficiente pra se viciar à sensação de se sentir completa, tempo suficiente pra não querer voltar para o que era antes. Mas voltou. Voltou e chegou à conclusão que o problema não era em ter perdido aquilo que a completava, mas sim, necessitar de algo que a completasse.

Parou e refletiu em como descobriu aquele buraco ali por dentro e chegou à uma conclusão. Conclusão essa que manteve dentro de si. Não a completava, mas servia como um bálsamo dentro do buraco que se tornou ferida.

Depois disso, ela voltou a sorrir, voltou a brincar e a abraçar. Porém, fazia isso de uma forma diferente ao começo desse relato, fazia isso com uma certa distância. Tinha medo de encontrar outro abraço que chegasse perto de completá-la novamente. Se manteve assim até não aguentar mais. Um dia não aguentou e explodiu. Não a vi mais. Sumiu por ai. Alguns dizem que ela anda abraçando e completando outras pessoas, mas sem, realmente, se completar. Outros dizem que ela desistiu de tudo e se matou. É só o que dizem...

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