O som do teclado

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O som do teclado nunca me foi familiar, até porque não era tão comum ter computadores nos anos da minha infância. Um ou outro tinha, mas a funcionalidade daqueles artefatos não eram lá aquelas coisas.Ganhei o meu com seis anos, ficava brincando de trocar o descanso de tela. Tinha um que eram bananas dançando macarena, não consigo me esquecer disso. E tinha um outro jogo lá com um carinha numa ilha, não lembro o nome. Logo quando ganhei, passava horas ali na frente, desenhando no paint ou fingindo escrever algo barulhando no teclado. Naquela época, sonhava em ser uma executiva, sem nem mesmo saber o que uma faz. Mas o nome era bonito, importante. Queria fazer a diferença. O som rápido do digitar me remetia à isso, um cargo de renome com uma conta bancária gorda. Mas logo essa ideia de brincar com o computador passou e voltei a ser criança. Brincava de banco imobiliário com o meu primo, ele arquitetava os mais luxuosos bancos e sempre ganhava sob as regras que ele inventava. Brincava de lego, carrinho de controle remoto, andar de bicicleta na sua e correr dos cachorros até cair de cara no chão, muita coordenação motora pra uma criança só. Brincava de acampar no quintal, de dar banho nos cachorros, de surfar numa daquelas piscinas de montar (não me pergunte como, mas meu primo e eu eramos bons nisso, mais ele do que eu, na verdade). Chega a ser nostálgico pensar que tudo isso passou, dá uma vontade de soltar pipa em cima da laje, de brincar de golzinho, brincar na chuva e ficar deitada na grama. Dá uma vontade de ser criança de novo... É isso o que o som do teclado faz comigo agora, me remete à um tempo bom, apesar de só ser mais uma das atividades rotineiras que faço. Ah, digitar rápido já não é coisa de executiva, como pensava, uma simples auxiliar administrativa consegue e nem ganha tanto pra isso.