terça-feira, 17 de julho de 2012

Menina Levada



Sempre foi menina levada, que subia em árvore e não se importava com nada não. Era pura diversão, vinha de lá pra cá num pé só, sorrindo, brincando e competindo com o vento. Andava descalça como quem é natureza, parte dela, e não pegava bicho de pé, tinha casco na sola. Os pastos enormes do lado do sítio que morava, pareciam parques de diversões, cheios de aventura e tudo mais. Ela se fazia feliz na simplicidade. Tacava fogo no lixo e ficava vendo queimar. Corria atrás do Mosquito, seu cavalo, e logo motava. Cavalgava com ele por todos os cantos, mesmo com o medo de cair. Ia até a bica beber água e acabava nadando pra se refrescar. Cada molecagem que fazia...

Certa vez subiu no pé de manga e não sabia mais descer, ficou lá um tempão, bem no topo da copa. Era de manhã quando se atreveu a fazer isso, e de tardezinha ainda estava lá. Ninguém deu por falta, ela também não tinha pressa, estava de "férias" (assim chamava seus imensos finais de semana). 


Aproveitou pra ver o entardecer e se apaixonou pela primeira vez. Como era belo o seu amado. E nessa de se apaixonar acabou caindo da árvore, mas a criança esperta não viu motivos pra chorar, só conseguia lembrar da beleza do que tinha visto. Depois disso, toda tarde ela tinha um encontro com aquilo que fazia seu coraçãozinho bater mais forte. Subia feito macaco naqueles galhos, via o entardecer com os olhos brilhando e depois se jogava no chão. Passou a colocar feno pra cair em cima, a queda estava dura demais. Acho que é isso que a gente aprende na vida, a colocar feno no lugar onde vamos cair depois de uma paixão tão linda. E só isso.


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