sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
O lago
Estava tão quente, uma noite sufocante, assim como tantas outras que já passara em companhia apenas de sua própria solidão. O lago à sua frente era altamente atrativo, parecia ter a capacidade de acolhe-la e refrescar suas dores, acalentar suas lágrimas e acalmar suas fúrias, se comparava ao abraço de sua amada, simplesmente acolhedor. Tinha desejo de entrar ali e usufruir de tais prazeres, queria sentir tudo o que o pacífico lago, supostamente, poderia lhe oferecer. Já havia decidido não pensar muito antes de agir, então... Começou a despir-se, peça por peça de seu quebra-cabeça particular. Despiu-se do medo de tudo o que vivera até ali e entregou-se, confiou seu ser à um lago, apesar de toda a escuridão da noite. Cegamente aproveitou, saciou seus desejos e tornou-se um só com o desconhecido. Mal sabia ela que as mesmas águas que tem o poder de curar, proteger e até amar, podem nos afogar. E já era tarde demais para tentar avisar, já estava lá, já havia "aproveitado" por um certo tempo e não tinha como voltar atrás. Sua sorte foi conhecer seus próprios limites, não ir além da linha que te dá pé. Saiu dali com rapidez, antes que o redemoinho a sugasse como já fizera metaforicamente outra vez, porém, saiu nua, totalmente nua, havia deixado escorregar a confiança durante a correria e o anseio da sobrevivencia. Hoje ela está por aí, nua e sem confiança, porém, viva.
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