Estava exausta, precisava descansar/enrolar antes de ir para o estágio, resolvi, portanto, sentar num dos bancos da rodoviária, aqueles que ficam descobertos, em meio à algumas árvores. Algumas gotas de chuva já estavam caindo, mas não me importei, continuei trocando sms com uma bobona e ouvindo alguma música que não tem relevância para esse texto. Fiquei ali por alguns instantes até que alguém passou por mim e prendeu totalmente a minha atenção. De onde veio? Não sei, só sei que desceu do ônibus com um violão preto a tira colo, com uma mochila pendurada em apenas um dos ombros, vestindo uma camisa xadrez de cores quentes e bermuda jeans preto com um lenço no bolso de trás.
Ela sentou na minha frente e começou a tocar alguma música que não identifiquei qual era, mas não me viu por ali, parecia estar esperando alguém. Mexia no celular de minuto em minuto e isso me pareceu familiar. Ela me pareceu familiar. Tinha alargadores na orelhas, um óculos de armação marcante e uma tatuagem no peito levemente escondida pela camiseta preta da qual a banda eu não consegui identificar. Tinha um olhar de menininha, uma aparência de jovem e uma postura de mulher.
Era intrigante olhar a forma como ela parava de dedilhar aquele instrumento para mexer no celular que guardava no mesmo bolso do lenço. Quis chegar mais perto e saber qual era a música que prendia sua atenção, de onde ela estava vindo, para onde iria, quem ela esperava (se esperava). Quis conhecê-la e tomava coragem de o fazer até perceber quão insana pareceria essa atitude. Desejei então que ela me percebesse ali e, quem sabe, viesse até mim para entender tamanho interesse que demonstrei ao encará-la (interesse puramente "curioso", que fique bem claro -t). Me prendi então à essa possibilidade e esperei que ela virasse realidade.
Meu inimigo não era mais a "insanidade", mas sim o tempo. O relógio foi cruel, não me permitiu imaginar o que se passava naquela mente. Os minutos passaram depressa e, a cada um deles, desejava ansiosamente que algo acontecesse. Me perdi nessa história até chegar a minha hora de partir, mas não iria sem algo pra guardar esse momento. Tirei (discretamente) uma foto da cena que presenciei:
(vou preservar a identidade da pessoa em questão)
Ainda me restam dúvidas. Não sei se algo mudaria se eu tivesse falado com ela, só sei que terei essa dúvida para sempre (ou não).
muito tocante..parabens...
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